sexta-feira, 10 de junho de 2011

Site que vendia diplomas é retirado do ar

Após denúncia exclusiva dessa Tribuna, o site PH Centro, que supostamente comercializava diplomas e certificados, foi retirado do ar. Na página da web ao invés da oferta “Oferecemos a compra de diplomas de nível fundamental, médio e superior”, o texto era de despedida para aqueles cidadãos que de alguma forma alimentaram o sonho de ter um diploma – “A PH Centro agradece aos seus funcionários e clientes por mais esta fase de prosperidade e de grandes parcerias que se tornam cada vez mais firmes ...”.

Depois de três dias da publicação até o fechamento dessa edição, apenas a direção da Universidade Católica respondeu afirmando que vai tomar providência legais. Já a Universidade Federal da Bahia (UFBa), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Faculdade Hélio Rocha, Centro Universitário da Bahia (FIB) e Faculdade Ruy Barbosa, não apresentaram defesas ou explicações sobre o assunto.

A reportagem entrou em contato novamente com a Polícia Federal da Bahia, que informou através da assessoria de imprensa não ter conhecimento sobre investigações sobre a empresa. E como o site, supostamente, era mantido por uma empresa carioca, a apuração deve ser realizada pela polícia do Rio de Janeiro.

A Tribuna entrou em contato com o setor de comunicação do órgão, durante toda a manhã de ontem, mas até o fechamento não obteve resposta. Segundo informações de um advogado baiano, que preferiu não se identificar, a Polícia Federal do Rio de Janeiro já instalou inquérito para apurar a fraude.
A ABAMES repudia – Ontem, a Associação Baiana de Mantenedoras do Ensino Superior (ABAMES) emitiu um comunicado à Tribuna, no qual nega qualquer envolvimento das instituições de ensino da Bahia, assim como enfatizou que irá acionar o Ministério Público Estadual. “A ABAMES Repudia o ato da suposta “venda de diplomas” relatado na matéria da Tribuna da Bahia, no dia 4 de junho último.


Como entidade que congrega instituições de ensino superior do Estado, esclarece que suas associadas não têm conhecimento de atos ilícitos dessa natureza que tenham envolvido os seus nomes e não têm participação na emissão desses diplomas falsos. E ressaltamos o compromisso ético de suas afiliadas para com a Educação Superior no Estado da Bahia”, informou o órgão.

A única página que ainda continua no ar, provavelmente por descuido da empresa, é a que consta os depoimentos. “Estou extremamente satisfeito. A PH CENTRO não só realiza suas atividades com excelência, como entende perfeitamente os desejos e as necessidades do cliente.

Comprei a certificação de um Mestrado, recebi com sucesso e hoje graças à PH CENTRO resido e trabalho no Exterior, estou muito bem socialmente, academicamente e financeiramente”, depoimento citado no site do que, segundo eles, seria o clientes M.V.B de Brasília - (DF).

Em outro testemunho citado na página, L. M. C, de Minas Gerais, do que seria um relato da satisfação em receber o diploma “original” e que graças ao serviço está trabalhando.

“Para falar a verdade não esperava que o diploma fosse chegar e que era um golpe. Mas quando recebi o pacote pelos correios e abri, haviam superado minhas expectativas e tive a confirmação junto à universidade com relação ao trabalho anunciado. E não deu outra. Hoje trabalho em uma conceituada empresa de Eng. Civil, pois já tinha experiência na área técnica e não tinha diploma superior”, L.M. C de Montes Claros – (MG ), depoimento citado na integra, preservando os nomes, uma vez que há outros supostos clientes declarando a compra.

Falsificação de diplomas é crime, tanto para quem comercializa quanto para quem compra. De acordo com o código Penal Brasileiro, o fornecedor pode ser enquadrado no artigo 297, que trata da falsificação de documento público e prevê pena de até seis anos de prisão.

Quem adquire o documento falsificado infringe o artigo 304 do Código e pode ser condenado a seis meses de prisão. E se o diploma for usado profissionalmente, o tempo na detenção pode aumentar ainda mais.

Relembre o caso

A primeira reportagem sobre a comercialização de diplomas pelo site PH Centro foi publicada no sábado (04), quando a equipe denunciou que a empresa, supostamente carioca, vendia diplomas de vários cursos, desde o nível médio, que custava R$ 600, passando pelo nível superior, inclusive para cursos como medicina e direito, podendo custar cerca de R$ 2 mil, e chegando até a pós-graduação e mestrado,


No domingo (06) foi publicada outra matéria em que a equipe constatou que o site ainda estava em pleno funcionamento.

De acordo com as informações que estavam contidas no site, a comercialização abrangia vários estados brasileiros, com instituições de ensino públicas e particulares.

O que mais chamava atenção na página da empresa eram as logomarcas de órgãos responsáveis pela regulação da Educação no Brasil, a exemplo da marca do Ministério da Educação (MEC), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e da Conferência Nacional de Estudos e Pesquisas (ENAD), apresentadas como garantias da autenticidade dos diplomas. As entidades citadas, até o momento, não se posicionaram sobre o assunto.

FONTE: Tribuna da Bahia

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