quarta-feira, 17 de agosto de 2011

3 juízes pediram proteção este ano na Bahia

Por Silvana Blesa

Na Bahia, segundo ofício emitido pelo Tribunal de Justiça, dez magistrados estão correndo risco de morte desde 2009. Somente este ano, conforme a presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), Nartir Dantas Weber, são três juízes que pediram ajuda depois de sofrerem ameaças.

Por questões de segurança, os nomes dos magistrados e as comarcas que trabalham foram preservados, mas segundo contou Weber, dos juízes ameaçados de morte, um atua na área crime e lida diretamente com traficantes e grupos de extermínio, e dois outros na área cível. “O que trabalha na área crime recebeu ameaças de traficantes e os outros dois magistrados, de pessoas que estão descontentes com o andamento do processo. Com as ameaças, eles solicitaram pedido de segurança e um vive com escolta 24 horas e os outros dois são monitorados durante todo o tempo”, revelou Weber, acrescentando que alguns promotores também vêm sofrendo com ameaças.

A polêmica foi levantada após o assassinato brutal da juíza Patrícia Lourival Acioli, 47 anos, titular da 4ª vara criminal na comarca de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, ocorrido na última sexta-feira. O fato acionou o alerta sobre as condições de segurança desses profissionais do Judiciário. A ministra Eliana Calmon, Corregedora Nacional de Justiça (CNJ), solicitou que todos os tribunais fizessem um levantamento sobre quantos magistrados estão sendo ameaçados em todo o Brasil. O levantamento apontou que existem atualmente 100 magistrados brasileiros em situação de risco, sendo 69 deles marcados para morrer. A Bahia ocupa a terceira posição na lista.

INTERIOR - “Os fóruns do interior e alguns aqui em Salvador não dispõem de policiais armados para dar proteção aos magistrados durante audiência e julgamentos. Tem casos que as pessoas entram armadas nas audiências”, revelou Weber, completando que na capital apenas o Fórum Ruy Barbosa, o Tribunal de Justiça, o Carlos Souto e o Orlando Gomes possuem policiamento. "No caso dos juízes do interior do estado, eles chegam a atender várias comarcas de outras cidades e, além disso, eles próprios que vão conduzindo seus veículos, sem nenhuma medida de segurança”, denunciou a presidente, solicitando que o TJ contrate uma empresa de segurança para proteger os magistrados.

Atentado contra promotores

No mês de maio deste ano, o promotor Paulo Gomes Júnior deixava um shopping na companhia da família e ao passar pela Avenida Tancredo Neves foi emboscado por homens armados que efetuaram quatro disparos, tendo três atingido o veículo do promotor. Apesar do susto, ninguém ficou ferido. O promotor é membro do Grupo de Atuações Especiais de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual.

Ele atuou em grandes operações como a Operação Janus, que investigava vendas de sentenças por desembargadores, juízes, advogados e servidores do Tribunal de Justiça. Antes do atentado, o promotor coordenou a Operação Pojuca, que desarticulou uma quadrilha chefiada por um delegado. A tentativa de homicídio está sendo apurada pela polícia, mas até hoje não foi identificada a autoria.

No ano passado, em Vitória da Conquista, uma promotora que cuidava do caso que apurava envolvimento de policiais numa chacina num bairro da cidade recebeu várias ameaças e teve seu carro atingido com disparos de arma de fogo. Devido o episódio, ela abandonou a investigação. A ousadia dos marginais aumenta cada vez mais e a principal preocupação da presidente da Amab é a falta de segurança nos fóruns da Bahia.

FONTE: Tribuna da Bahia

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