quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ponto cortado: quem é que vai pagar por isso?

Postagem de nosso companheiro Antemar Campos na comunidade Servidores da Justiça - BA, no orkut:


"No judiciário brasileiro, e em particular no TJ-BA, remanscem resíduos de castas e estamentos de classes expressos na divisão hierárquica de cargos e na remuneração do trabalho absurdamente desigual entre seus trabalhadores através da concessão de benefícios como o adicional de função/CET. Os resíduos de casta e estamento de casta são visíveis pelos salários dos hierarcas e tecnocratas judiciários, pelo comportamento pretoriano, pelo nepotismo trocado, pelos privilégios e pelo autoritarismo, em que a subalternidade(ou "servidão" mesmo) exagerada dos trabalhadores é a outra face.

E o TJ-BA inaugurou - com o corte dos dias de paralização - um comportamento político- pretoriano. Justificou que a greve era "politica" - por objetivar "derrubar" a atual presidente do sinpojud -, e prejudicial a população por sua longevidade. Ora, esqueceram que a greve foi desencadeada após o DECRETÃO 152(que depois virou um decretinho) e a greve demorou porque a cúpula do TJ-Ba não negociava nada. E outra, se a presidente do sinpojud foi "atropelada" pela base foi por manter-se alheia ao principal ponto do movimento paredista: o fim dos adicionais de função! A categoria rejeitou todas as propostas que não convergiam para esse ponto principal. E eu sou prova cabal porque eu também tive uma proposta rejeitada pela maioria da Assembléia.

Temos que repensar o porque de uma corte de apelação - aqui na Bahia composta por cerca de 30 desembargadores - tem o PODER de cortar nossos dias de greve, tem o poder de arbitrar os próprios salários, os salários dos magistrados inferiores e os dos trabalhadores subalternos; tem ainda o PODER de legislar e apontar sobre adicionais de função/CET. Fazem tudo isso com o dinheiro público, isto é, sem serem seus donos e sem serem patrões.

Essa corte de apelação tem uma autonomia estranha que é a de empregados do Estado(sim porque magistrado é trabalhador público), assalariados como os demais, a distribuir entre si e a seu arbítrio, o que não lhes pertence: o dinheiro público!

Os resultados e os números estão aí: uma folha de pagamento inchada e mal distribuída onde MAIS DA METADE dos recursos financeiros destinados ao pagamento de pessoal judiciário fica com a minoria(magistrados-adicionais de função/CET-cargos
comissionados), e a outra METADE com os 80% de trabalhadores estatutários do TJ-BA.

Querem desviar o foco da greve mas os números da folha de pagamento não deixam."


FONTE: Blog dos Sem Padrinhos